Severiano Porto: inovador e simplista
Mineiro,
Severino Mário Vieira de Magalhões Porto e sua família mudaram para o Rio de
Janeiro aos cinco anos de idade, quando se pai fundou o Colégio Brasil América.
Formado pela Universidade do Brasil, em 1954. Como estudante realizou estágio
na Construtora Britto e permaneceu na empresa por cerca de onze anos. Em 1963 é
convidado pelo governador de Manaus para realizar a reforma do palácio do
governo, anos depois realiza outras obras no estado, como o projeto da
Assembléia Legislativa do estado. No período que desenvolve tais projetos o
arquiteto recebe outras propostas e muda-se para a cidade. Continua com seu
escritório funcionando no Rio de Janeiro com coordenação de seu sócio, o
arquiteto Mário Emílio Ribeiro, que desenvolveram juntos projetos importantes,
como o Estádio Vivaldo Lima, o Campus da Universidade Amazonas e a Pousada na
Ilha de Silves, todos construídos no Amazonas.
Em
Manaus, elabora um caderno de encargos, assegurando que as construtoras cumpram
os prazos e as especificações técnicas conforme seu projeto e é assimilada pelo
governo. Muitos dos seus projetos são premiados pelo Instituto dos Arquitetos
do Brasil, como o Restaurante Chapéu de Palha (demolido), a Residência do
Arquiteto e a Pousada da Ilha de Silves. O conjunto de sua obra é premiado na
Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, em 1985, alcançando renome
internacional. Severiano também exerce a
função de professor de arquitetura e urbanismo na Faculdade de Tecnologia da
Universidade do Amazonas, de 1972 a 1998. Depois de 36 anos vivendo em Manaus,
o arquiteto retorna ao Rio de Janeiro e transfere sue escritório para Niterói,
onde começa a morar. Em 2003 recebe o título professor honoris causa da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ficou conhecido por criar um modelo único de
arquitetura amazônica e sustentável, usando técnicas conhecidas pelos
ribeirinhos e cablocos com modernas criações arquitetônicas, sendo chamado de “arquiteto
da floresta” ou “arquiteto da Amazônia”.
Sede
da SUFRAMA:
Edifício composto por dois blocos, um principal e um
anexo. A ligação de diversos ambientes fechados se dá pelo pátio e corredores
cobertos organizados embaixo de uma cobertura única em concreto. Dentro do edifício
há um jardim interno que ocupa o espaço de dois módulos.
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Imagem: Implantação |
O
modelo estrutural escolhido foram blocos de quinze por quinze metros,
independentes entre si e em concreto aparente. Assim poderiam ser ocupados pelo
layout necessário, quando o programa fosse definido com maiores detalhes.
A
cobertura é feita de concreto com fiber glass na abertura e apoiado nos
pilares. Com objetivo de acréscimo de novos módulos de acordo com a
necessidade. As salas administrativas são independentes da cobertura do
edifício. Para sua construção foi utilizado estrutura em concreto, com laje
também em concreto e vedações em alvenaria e estrutura metálica leve.´
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Imagem: Corte |
Para proteção do sol a solução foi fazer uma área coberta
continua com uma cobertura plana, assim a coifa podia ampliar a distância
vertical que elimina o ar quente pela cobertura. O pé-direito varia de três
metros e oitenta e cinco centímetros. A entrada principal tem cobertura sem
vedações laterais, que funciona como área de embarque e desembarque.
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Imagem: Projeto Finalizado |
Residência
Robert Schuster:
Casa aberta em pilotes com estrutura toda em
madeira, sob uma malha ortogonal de dois metros e meio por dois metros e meio.
Modulação calculada para permitir a armação de redes em qualquer parte da casa.
Segue em anexo planta baixa.
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Imagem: Planta Baixa |
Restaurante
Chapéu de Palha:
Utilizando
materiais regionais o projeto utiliza madeira de aquariquara e palha de
palmeiras regionais, por usar materiais simples sua obra não tinha o devido crédito.
Com a obra do restaurante o arquiteto ganhou o prêmio pela simplicidade que
sugere as origens tradicionais locais. Uma das suas principais características
são suas calçadas largas que contribuem para apreciação do local.
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Imagem: Google |
Estádio
Vivaldo Lima:
Tinha
capacidade para 43.000 pessoas, possuía sistema de som importado da Bélgica e
catracas eletrônicas, o gramado tinha sistema de irrigação automático. Ganhou o
Prêmio Nacional de Arquitetura de 1966.
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Imagem: Google |
Severino ficou
conhecido por suas obras inovadoras e simplistas, foi também moderno e sustentável.
Deixou um trabalho significativo para a arquitetura local de Manaus. Hoje se
fala muito em sustentabilidade, mas desde 1960 o arquiteto já pensava o equilíbrio
ambiental em seus projetos, que aproveitam a iluminação e ventilação natural.
Infelizmente nos dias atual alguma de suas obras
encontra-se em estado de abandono, como é o caso da sua própria residência que
foi completamente desmontada e guardada em um galpão. No terreno original foi construído
um edifício de luxo. O Restaurante
chapéu de palha também foi demolido e hoje o espaço é um posto de gasolina.
Para preservar o restante dos seus projetos existentes o IBA-AM organizou um
inventario que visam que os edifícios sejam considerados Patrimônio
Arquitetônico. Com o tombamento as obras são asseguradas a prevenção, reforma e
manutenção.
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